Muitas vezes de onde menos se espera, surgem algumas das mais caóticas claves.
THE COATHANGERS
2008.
Na cidade de Atlanta, em uma loja de penhores, as meninas: Julia Kugel (guitarra), Stephanie Luke (bateria), Candice Jones (teclados) e Meredith Franco (baixo), resolveram comprar seus instrumentos. Dois anos depois, a banda estava compondo suas próprias músicas com um método retirado das aulas de química.
" Nós escrevemos as canções e extraímos delas tudo o que podemos. Trocamos instrumentos, tentamos diferentes afinações, refrões ou ritmos. E ainda por cima colocamos pressão para que tudo seja muito bem feito, pois cada canção é um projeto".
Essa afirmação não poderia ser mais verdadeira, já que as meninas levam todas as músicas como pequenos laboratórios. Uma fusão bem afinada de psicodelias, punk e por muitas vezes um leque de alternativos acordes. Definitivamente uma das bandas que farão a estranheza tornar-se uma obrigatoriedade.
Vamos aos vídeos de Hurricane, Parcheezi e Tonya Harding.
Já vai longe a influência e capacidade estelar dos Cold War Kids como banda. Um dos melhores grupos de terras além mar no quesito suavidade e beleza dentro das notas. Mas como a chuva que corre por lá, também percorre caminhos de acolá, a cidade de Sheffield trouxe para o mundo uma quase resposta bem concatenada.
O quinteto povoa o imaginário popular através da voz característica de seu vocalista, Nathan Willet. Mas as canções possuem força suficiente para preencher sonhos em noites outonais com maestria. Uma coleção bem disposta de efeitos, teclas e músicas com a delicadeza de quem espera o despertar do sol das manhãs mais frias.
Sempre bem vindas, essas aspirações ao poético musical fazem com que o som da banda (mesmo que já recitado pelos melhores trovadores encantados), seja alento em forma de notas, por entre paredes cardíacas cansadas de esperar o sonho. Muito mais importante é viver cada centímetro assimétrico dele.
Ouça as primeiras canções dessa odisséia pautada pelo singelo despertar da alma, na Hey Sholay.
Mais uma das bandas nascidas em Portland com vocação para estremecimento esquelético agudo. UNKNOWN MORTAL ORCHESTRA (já perceberam como existem bandas que estão com o nome atrelado à palavra orquestra????) é um trio que possui em suas notas algumas das inspirações mais paradoxais do cenário.
Quando tudo corre pelo funk dos anos 70 em passagens dançantes que lembram a Sunshine Band ou James Brown, a banda redireciona tudo para o punk garageiro mais sujo e orquestrações que lembram bandas lisérgicas de arena dos anos 80.
Obviamente passando pelas psicodelias marcantes dos verões acidulantes, a banda apresenta uma ressonância que transita bem entre coisas como The Phenomenal Handclap Band e Tame Impala.
O EP da banda (foto acima), lançado o ano passado e com apenas 300 cópias esgotou rapidamente, mas você ainda pode ouvi-lo na página do bandcamp. Sua próxima banda predileta....
Como no Brasil, a Austrália tem proliferação de novas bandas a cada semana. Uma semelhança que nos dois casos liberam em seu telencéfalo desenvolvido, a capacidade de balançar o esqueleto e estalar os dedos. Podendo assim utilizar a característica única de movimento opositor do polegar. E esse quarteto é capaz de colocar seus cíngulos em polvorosa.
Em uma linha de todas as coisas boas dos anos 60 e início dos 70, a banda destila um grudento e quase rockabilly pop de primeira. Tudo muito bem assoviável e pronto para balançar a cabeça. O que você ouve abaixo é o primeiro registro dos matadores de vampiros destemidos, o single de estréia que será lançado em 09 de abril. As canções Allright Now Honey e For You And Me.
O quinteto da Irlanda não vai reinventar a roda. Esqueça cadências cheias de emoção da renovação ou salvação pré apocalíptica de segunda feira. Tudo o que se ouve nos acordes do quinteto já apareceu em lugares como Cut Copy, Foals, Two Door Cinema Club, Robyn, Friendly Fires, MGMT e seus compatriotas sonoros. Mas então qual a relevância???
A diversão embalada de uma maneira onde a imagem mental formada é um bar completo, por muitas vezes é o que pode salvar o modorrento outono de tornar-se apenas mais uma nuance de cinza. Muito disso deve-se aos acordes e letras dos irmãos Nick e Jake Bitove, que começaram a banda por influência direta de nomes como Franz Ferdinand e The Killers. Os sintetizadores fazendo uma pequena ponte de psicodelia esperta e as batidas que fornecem cadências necessárias para que por muitos minutos, seu endoesqueleto seja agitado átomo por átomo dentro das canções.
Após saírem da Irlanda, a banda passou um ano em Toronto trabalhando. Esse ano, com a ajuda de ninguém menos que Al-P e Sebastien Grainger (MSTRKRFT e Death From Above 1979 respectivamente), a Nightbox entrega seu mais recente EP, que você ouve abaixo.
Mesmo nascendo em Vancouver, a banda possui um pequeno pé nas pradarias americanas. A mistura de simplicidade nas guitarras, batidas quase assimétricas e vocais em nuvens, fazem deles um daqueles exemplos onde a canção é sempre a primeira coisa que pega seus ventrículos. Por alguns momentos a lembrança de outras similaridades como por exemplo Breathe Owl Breathe, New Pornographers e até um distante Dirty Projectors, podem aparecer para os ouvintes.
Mas o disco de estréia da banda, chamado New Age e com data de lançamento para 19 de abril (no Canadá), promete nuances muito mais divertidas do que apenas a contemplação. Além de toda a originalidade dos video clips, como poderá ser comprovado abaixo com: The Wake, Megan, New Age (usando a animação russa Glass Harmonica de Andrei Khrjanovsky, produzida em 1968) e por fim a gravada ao vivo Milla (muito melhor que aquela do axé).
Esse quarteto de meninas poderia ser uma banda qualquer, mas não é. Ou até um conglomerado shoegaziano normal, o que mesmo contendo um pedaço de verdade nas notas, também está longe de ser a única faceta. Mesmo correndo em comparativos paralelos, a banda tem uma malemolência genética que garante uma audição mais cuidadosa de suas claves. Como toda germinação, a Stone Darlings pode parecer crua demais para conter qualquer tipo de aposta, mas o delicado som é inebriante.
O EP de estréia foi um projeto feito em parceria com o site Kickstarter e alcançou sua cota prevista ($ 6.135 dos $6.000 previstos). O que prova dois pontos importantes:
Primeiro que as canções das meninas tem o apelo ventricular certo dentro dos ouvidos humanos, e que o crowdfunding é uma das verdades que vieram para revolucionar a maneira de produzir cultura.
Ouça a sensacional cover de Can You Get To That (Funkadelic) e depois a canção All I Wanna Do. Ambas gratuitas para download.
A definição de trabalho duro, é algo que anda distante. Talvez a facilidade em conseguir as coisas, ou a possibilidade ilusória de uma grandeza binária que não passa de devaneio mental atrofiado e desmielinizado, pode enganar vossos puros corações peludos e cheios de mágoa. Mas não se engane se a estrada da escolha for a mais acidentada. Uma hora a maré vira....
E mais ou menos isso está acontecendo com o pessoal da banda The Black Tambourines e New Years Evil. Além do trabalho regular, as duas mantém as próprias carreiras e divulgam novas claves através de um fotozine CDEP. A combinação quase caleidoscópica de tantas informações, é em função dessa nova banda londrina chamada BREATH OUT.
Alex Clegg, James Goodhead, Tom Browne e Andy Clydesdale, são os protegidos da vez e mostram o porque em 5 músicas que não são dessa década. Uma mistura grungeana e garageira, com a distorção na medida exata para trazer aquela estranheza e potência ao som. Experimentações, samplers simples e duplicações vocais contrastam com o volume bate estaca das guitarras. Navegando por mares heterogênios, a Breath Out começou bem.
Talvez dentro da cabeça do músico, Ben Schneider exista um mundo rodeado daquelas pequenas palavras que fazem seu dia valer a pena. Pedaços de conversas que cravam notas dentro de seu ventrículo esquerdo e de lá fazem morada quase paranóica. Cores e sons despertos em sonhos de terapia kurosawriana, que transportam encefálicas mensagens subliminares de como a vida deveria ser.
Se não existissem o medo ou a maldade.
O projeto de Ben, a Lord Huron é um composto químico bem octaedro de fusões tão diferenciadas, que explodem por referências que já tem morada dentro do seu ouvido. Um experimento fleet-foxe-flaming-lipiniano que definitivamente dispara exposições dentárias involuntárias. Os dois EPs do músico podem ser ouvidos na página do site Bandcamp.
Preço baixo por felicidade que não se compra.
Já correm por mais de dez anos as experimentações de Katie Stelmanis.
Por lugares muitas vezes confusos e possuidores de tensões quase claustrofóbicas. As canções dessa menina, que junta forças agora com Maya Postepski e Dorian Wolf, possuem uma grande camada de cor cinza. Não existe a necessidade de soar dançante dentro dos temas binários.
Fugindo do modus operandi da maioria, a banda nascida em Toronto consegue povoar suas claves de saídas depechianas do passado não muito distante.
Com as lições aprendidas em Violator na ponta dos dedos, Katie e seus comparsas distribuem camadas de desespero e tons mórbidos por entre os acordes. Um dos exemplos é a canção Beat and the Pulse que você confere abaixo....
Fazia algum tempo que uma cantora não entrava na lista dos vinis virtuais.
Pois bem, a senhorita Erika M. Anderson é capaz tanto de misturar sons quase inaudíveis em acordes de guitarra que mais parecem gritos amedrontadores, quanto uma suavidade que beira algo como a Beach House.
Aos 18 anos Erika mudou-se da Dakota do Sul para Los Angeles, mas não pense que a cantora é mais uma das novas caras dentro do cenário. Ema já solta seus petardos há algum tempo. Ex-guitarrista da AMPS FOR CHRIST e posterior formação, que teve o nome de Gowns. Duas bandas que transformavam atributos eletrônicos com notas mais clássicas. Fazendo com que a publicação Pitchfork, comparasse a Gowns com outro combo importante dentro do chamado indie folk, a banda The Mountain Goats.
Mas a menina decidiu querer uma aventura pelo lado solo da força e lança seu primeiro single. A canção THE GREY SHIP é uma epopéia de sete minutos onde Erika, destila todo o repertório de influências e desconexão do modus operandi de compor canções alternativas. Assimétricas saídas, estruturas que desmontam o acaso e perfazem caminhos completamente distintos, mas que possuem o amálgama do difuso cravado em cada nota.
Da contemplação à lisergia psicografada, Ema mostra que tem muita coisa ainda para mostrar. Ouça The Grey Ship....
Imagine-se lendo um release de banda onde a primeira linha é assim:
"A dupla parou seus empregos de coveiros...."
THEE GRAVEMEN
Das mais bizarras catacumbas da Suécia vem a dupla formada por Lee Tea e Daz Trash, que já possui dois vinis.
Sim, eu escrevi vinis.
Além de tocarem o mais puro rockabilly infernal de garagem, com influências de bandas como The Exciters, Cramps e até Johnny Cash, as vestimentas e palco desses dois senhores normais são um espetáculo à parte.
Caveira na bateria, dançarinas de cabaret cemitério e uma capacidade de riffs que se não traduzem nenhuma idéia de vanguarda ou reinvenção da roda, colocam todo mundo dentro de uma pista cheia de gomalina dos mortos vivos. É como olhar os filhos de Mojica Marins em uma banda de rock. Divertido ao extremo, a banda prepara-se para iniciar turnê esse ano em pequenos festivais na Europa.
O vídeo da canção LET'S DANCE tem todos os elementos do gênero, mas a capacidade de criar memórias musicais é muito bem vinda.
O nome pode ser do vilarejo escocês, uma personagem de histórias fantásticas ou ainda o livro escrito por Trevor Hopkins. Nada disso parece ser a melhor analogia em relação ao som dessa banda de Glasgow. Fundada em 2006, recebendo atenção de vários lugares desde então. Mas agora parece que a banda acaba achando seu nicho.
Gerard Black, Michael Marshall , Gregory Williams e Gavin Thomson trabalham em um emaranhado de fios e conexões que por vezes deixam todo um clima esquisito demais e quase carregado de todos os clichês musicais, de sintetizadores pop em fusão à uma linha de bateria quase bate estaca. Mas a banda parece apenas preocupar-se com a possibilidade binária de movimentos em membros inferiores. O que é sempre bom, já que com essa metodologia, a Findo Gask foi capaz de colocar no ar canções que não tem pretensão séria, mas uma diversão quase suja e cheia de suor caótico.
A banda juntou forças com o selo virtual novo, Song By Toad e ainda continua andando. As duas canções mostram isso. Primeiro One Eight Zero e depois Va Va Va (quase um Pa Pa Pa).
Vem de Portland esse quarteto com cara de pista de dança e tons similares aos Cut Copy. Em seu segundo disco que será lançado em março desse ano, a banda transporta as canções compostas pelo faz tudo Joshua Hodges. Na produção alguns pitacos de Keil Corcoran e Jacob Portrait (que trabalhou com The Dandy Warhols).
O pop digestivo e rápido da Starfucker (significado da sigla no nome) é bem vindo e não enrosca por nenhuma parte do tracto auditivo. Aliás muito pelo contrário, mantém os grudentos acordes vivos e pulsando sempre que possível. Uma pequena amostra do que aguardam seus ossículos, pode ser vista no single Bury Us Alive, uma das faixas de Reptilians. Além do que uma versão da bolacha em vinil já pode ser comprada on line.
Sempre existe a possibilidade do Alzhemeir chegar antes...
JONQUIL
A sensação de deja-vú é recorrente quando ouvi essa banda de Oxford. Já escutara as claves quase matemáticas desse quarteto no decorrer do ano de 2010. Mas lembrei-me, no momento o qual as teclas começaram novamente o caminho para uma qualquer doença reumatológica provedora de deformidades nas falanges das mãos, que o assunto postado foi um clip e não esse EP.
Pois bem, One Hundred Suns é uma surpresa tão boa, que poderia constar em qualquer lista desse ano ou do anterior tranquilamente. Uma coleção de notas onde a não precisão matemática, abre caminho para que misturas alquímicas embebidas em liquidos espinhais de bandas como CYHASY, Cold War Kids ou Foals sejam levados em pedaços pequenos e apenas com a intenção de traçar parâmetros. Uma linha que também é seguida por bandas como o Two Door Cinema Club atualmente.
Oito canções que passam por um lado do rock que necessariamente não tem a pretensão de tornar-se dançante ou política, mas sim uma diversão que espalha dentinas afloradas por lábios acidulados. Vale a audição atenta aos rapazes. Por isso eis aí todo EP.
Diferentemente de seu colega nas artes do post anterior, esse jovem senhor possui todas as características experimentais necessárias para que eleve-se o patamar do jogo em níveis maiores. Nascido em 1967, o músico também passou por seminais bandas como a MK Ultra e The Mountain Goats, essa segunda dona de um belo nome no quesito folk rock alternativo.
Mas John também é bem conhecido pela carreira solo. Primeiro por que uma de suas marcas é o uso de uma grande gama de instrumentos analógicos em suas gravações. Efeitos, mudanças de direção em seus discos são desacompanhadas de binariedade. Dentro desse contexto, a nova bolacha mostra-se extremamente rica em experimentações, já que a Magik * Magik Orchestra acompanha o cantor em White Wilderness.
Citando: essa é a segunda vez que a orquestra acompanha John (a primeira foi em um show no ano de 2009).
Com previsão de lançamento para o dia 25 de janeiro, esse novo registro ganhou um documentário sobre o making of de White Wilderness. Produzido pelo Yours Truly e todo em P/B, tem seu trailer exposto pela primeira vez hoje.
Aqui no GD você ouve uma das belas canções desse disco novo, Sea Salt e confere o trailer. A regente da Magik * Magik Orchestra, Minna Rhee Choi além de talento possui toda uma beleza de musa ao conduzir descalça.
O som proveniente da farínge e cérebro desse cantor americano, pode até ser classificado como estático em uma época onde Neil Young cantava A Lot Of Love, mas com uma pegada onde as sensações passadas por entre os ossículos auditivos transportam dados viciados em artistas como Bonnie Tyler ou qualquer balada mais pop algodão doce hepaticamernte alterada. Com forte presença do chamado folk country, desde os primórdios em Nashville e da discografia que iniciou-se em 2006 com Throwing Punshes In The Dark.
O que não pode jamais deixar-se de notar são as nuances belas e singelas das canções do novo disco do rapaz, OLIO. Uma coleção de power poptônicos bem lavados em alvejantes quase românticos demais. A gravadora Noise Trade disponibilizou o disco todo de graça para audição na internet. Músicas aliás que são femininamente apreciadas (enquanto preparava o post, duas meninas perguntaram quem era o cantor).
Acordes travinianos e colorações keanianas podem transparecer sempre que possível nesse mais novo trabalho de Matthew. Se a sua praia é contemplação lacrimosa, vai gostar desse lançamento de início de ano. Ouça abaixo todo o registro de Oil.
Se Estocolmo só pudesse produzir bandas gélidas, certamente não poderíamos ouvir os acordes desse quarteto que em primeira via se parece e muito com Belle & Sebastian. Mas com mais algumas audições pode-se perceber que o caminho fácil da cópia não é o traçado.
Menos melancólico e quase uma debutante festa de claves entrelaçadas por ambientes coloridos, a banda destila bem o pop por entre canções como, Nothing I Can Say, Moby Dick e os dois vídeos abaixo, Sad e I'm So Happy.
Para aqueles dias onde a tristeza insiste em bater forte em seu ventrículo.